terça-feira, 25 de maio de 2010

Viver através da música

Uma vida dedicada à música. Trabalho árduo de anos que hoje é referência e motivo de orgulho. Essa é a vida de Miguel Ângelo de Azevedo, mais conhecido como Nirez. Dono de 22 mil discos de cera e outros documentos raríssimos como fotografias de artistas e livros que também falam sobre a música brasileira, além de aparelhos de rádio, telefones e outras tantas coisas, o arquivo Nirez, se tornou uma referência nacional para pesquisadores, estudiosos, interessados e curiosos da música brasileira. Em entrevista para a Oficina da Radiola, o jornalista, que já trabalhou em vários meios de comunicação no Ceará, nos fala sobre como começou a montar sua coleção e o que espera que aconteça com o acervo no futuro, entre outros assuntos.

“Na verdade, eu não tinha o intuito de ser colecionador. Me deram um presente em 1954, quando eu tinha 20 anos, um toca disco, daqueles antigos. Aí eu comecei a comprar disco”, assim começou o que atualmente é um dos maiores acervos sobre música no Brasil. Nirez, hoje diretor do Museu da Imagem e do Som, diz que enfrentou dificuldades para adquirir alguns de seus discos. A partir de 1958, quando, segundo ele, começou a comprar e colecionar os discos com todo o rigor, às vezes, suas pesquisas o levavam até as casas de famílias que não queriam se desfazer dos objetos. Para convencê-los, nada como uma boa conversa ou mesmo uma boa lábia.

O colecionador também conta que à medida que ia comprando discos, seu interesse pelos artistas também crescia: “Paralelamente, crescia o meu interesse em saber quem eram aquelas pessoas que povoavam os discos. Cantores, músicos, os autores; eu fui adquirindo uma biblioteca, comprando livros. Então, formei uma biblioteca em função da discoteca”, relembra o homem que desde menino gostava de colecionar caixas de fósforo, carteiras de cigarro, etc., e que, aos poucos, também foi tomando gosto por fotografias antigas de Fortaleza: “Depois, me apaixonei pelas fotos antigas de Fortaleza e comecei um acervo de fotos antigas e como ninguém colecionava nessa época, foi relativamente fácil (adquirir as fotos)”. Na época em que trabalhou no jornal O Povo, muitos leitores mandavam fotos de Fortaleza para o jornalista que as publicava ao lado de outras mais recentes do mesmo local para fazer comparações.

Sobre o futuro do acervo, Nirez diz que está em negociação, através do Ministério da Cultura (MinC) e a Petrobrás, para colocar no ar um site disponibilizando as músicas, as fotografias e os textos que fazem parte de sua coleção. Nirez ainda nos assegura de que não se preocupa com o rumo que o acervo possa tomar no futuro por que o trabalho que ele podia fazer, já o fez. Hoje, o Arquivo Nirez é sustentado pela Sociedade de Pesquisa e Administração de Museu que conta ao todo com 12 sócios.

Para Nirez, o trabalho de colecionador é, ao mesmo tempo, gratificante e de grande responsabilidade. Para provar as duas coisas, nos narra o seguinte caso: “O que mais me gratifica hoje é o que aconteceu na semana passada. Uma moça mandou uma mensagem dizendo que viu no meu site que tenho a primeira gravação da cantora Marília Batista. Ela disse que procurou esse disco em todos os lugares possíveis e não encontrou, apenas no meu site. Então eu mandei as canções para ela. E ela mandou um e-mail agradecendo. Isso é confortante, não é?”, afirma dizendo ainda que encara seus discos como se fossem seus filhos.

Serviço
Arquivo Nirez:
Rua Prof. João Bosco, 560
Bairro Rodolfo Teófilo
Fone: 32816949

Museu da Imagem e do Som:
Av. Barão de Studart, 410
Meireles
Fone: 31011202

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