quinta-feira, 8 de abril de 2010

Romântico, ma non troppo

Chopin é para mim a personificação do período romântico. Doente, apaixonado, pessoal e lírico, dedicou sua vida e música ao piano de uma forma nunca antes vista. Ao sair da Polônia e adotar a França como seu novo país, Chopin se tornou um dos primeiros nacionalistas. As polonaises e mazurkas que compôs trazem elementos eslavos à sua escrita rebuscada e elegante do piano.
Mesmo com todo o reconhecimento de Beethoven e de Mozart, nunca um compositor fora considerado tão popular quando Frédéric François Chopin. Grande parte dessa aceitação pelo público pode ser creditada a uma forma criada – segundo alguns, adaptada – pelo compositor polonês: a balada.

Em 1836, quando Chopin lançou a primeira das quatro que compôs, a balada era um gênero diverso. A forma então em voga havia sido criada pelo organista alemão Karl Loewe, e suas primeiras peças tinham sido compostas havia menos de 20 anos, em 1818. Elas eram concebidas para ser cantadas com acompanhamento de piano e contar uma história épica. A inventividade de Chopin consistiu em criar baladas exclusivamente para piano.

Concluídas em sete anos, as quatro baladas peças relativamente curtas se comparadas com os padrões da época e distinguem-se de suas antecessoras por serem uma seqüência de estados psicológicos. Reflexo do período em que foram elaboradas, o romantismo, as baladas de Chopin são a síntese do turbilhão de sentimentos do autor.

Em 1843, Chopin concluiu, enfim, sua última balada, considerada por muitos sua obra-prima. É com a Balada número 4 em Fá Menor op. 52 (que você pode ouvir no vídeo abaixo) que o autor consegue externar musicalmente seus sentimentos de forma mais intensa. Carregada pelo amadurecimento e pelo virtuosismo de Chopin, a peça é a que mais exige pleno domínio da técnica para ser interpretada. Assim como o restante da obra, concebida durante o período romântico, as baladas de Chopin sempre jogaram com diversos planos sentimentais. Sua música “canta” a alma, que subitamente transforma alegria em tristeza, e vice-versa.

Chopin dá voz ao piano. Por meio de suas notas, ele foi capaz de materializar sentimentos que o público até então desconhecia. Seus concertos para piano possuem grande liberdade, principalmente nos movimentos lentos, expressão máxima de seu lirismo. Mas, ao mesmo tempo, é algo natural, pois sua música flui do sentimento. Dele deve partir e nele devemos chegar.

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