
O alemão Félix Mendelssohn foi um prodígio como Mozart. Aos 9 anos, já compunha e tocava piano excepcionalmente bem. Neto de filósofo, nasceu no seio de uma importante família judia de Hamburgo, na Alemanha. E cresceu em um ambiente intelectual efervescente, em contato com grandes nomes da época, como Humboldt e Goethe. Esse último ficou impressionado com a maturidade demonstrada por um músico tão jovem. Era calmo, alegre e muito educado. O pai, mesmo sabendo do talento do filho, nunca o expôs ao público. Não o incentivou a seguir a carreira musical até que ele próprio desejasse.
Logo depois da morte do compositor, Richard Wagner o atacou no livro O Judaísmo na Música. O pecado de Mendelssohn: ser judeu. A estocada de Friedrich Nietzsche foi mais sutil. O filósofo o definiu como um “belo incidente” situado entre Beethoven e Brahms. Essa interpretação, repetida à exaustão por críticos como George Bernard Shaw nas décadas finais do século 19, cristalizou a imagem de Mendelssohn como apenas um bom compositor.
Apesar de não ser fluente em inglês, Mendelssohn era fascinado pelos contos de duendes, fadas, elfos e reinos abordados na comédia de Shakespeare. O tom fantástico inspirou, com espontaneidade quase infantil, a construção de uma música que impressiona pela expressividade. A obra serviria no futuro como exemplo para tratados sobre orquestração. A escrita ágil, as sugestões sonoras e o colorido romântico da abertura passam com

Os compassos que antecedem o trecho mais marcante da abertura, tema principal que retorna ao longo da peça, são marcados por um lirismo triste que cresce e desemboca em sons marcantes. Toda essa estrutura da abertura ditará as idéias musicais que virão a seguir. É como uma exposição, um resumo da história, que será revista no decorrer dos movimentos.
Só em 1842, já mais maduro, o compositor finaliza a obra, com a orquestração da abertura e a edição dos trechos que compõem a música incidental, seqüência que serve como uma espécie de trilha sonora para uma montagem da peça de Shakespeare. Além disso, emprega a famosa marcha nupcial, melodia do repertório popular extremamente conhecida por ser tocada quando a noiva entra na igreja no momento do casamento. Sonho de uma Noite de Verão apresenta uma abertura longa e outros 13 números musicais breves, entre os quais segmentos para duas vozes femininas e coro. Seu tom alegre e jovial ajuda ainda mais a caracterizá-la como uma obra de fácil apelo popular. Tanto é assim que está entre as músicas mais executadas do repertório romântico.


Empreendedor, Mendelssohn fundou o Conservatório de Música, em Leipzig. Foi o primeiro maestro a se colocar diante da orquestra sem um instrumento, mas, sim, com a batuta. Foi também o responsável por resgatar a música de Bach. Félix Mendelssohn, não há dúvida, merece ocupar um lugar ao lado dos maiores gênios da música.
Assista, no vídeo abaixo, a abertura de Sonhos de uma Noite de Verão:
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