
Este post é dedicado ao colega Igor Lins, que gosta bastante do grande Serge :-)
A música fala todas as línguas

Foi uma toada a marca mais profunda que o “rei do baião” deixou na música popular brasileira. Asa Branca é uma imagem, o retrato definitivo de uma realidade perene. De Luiz Gonzaga, o folclorista Luís da Câmara Cascudo dizia que era o cantor do Nordeste seco: “Paisagem pernambucana, águas, mato, caminhos, silêncios, gente viva e morta”. Entre suas canções sobre a seca e o sertão, Asa Branca é provavelmente a mais bem-acabada e, sem dúvida, a mais popular.
Veja o vídeo de "Pushing me away", música preferida de Tsvetelina. Ela é mesmo fã de Linkin Park (vide a foto) :-)
Gustav Mahler é o Beethoven do século 20. Suas monumentais nove sinfonias constituem um Himalaia musical a ser conquistado por maestros e orquestras sinfônicas do planeta. Músicos põem seu talento à prova ao interpretá-las. E o público encontra nas obras do compositor o que ele almejava ao escrevê-las: “Uma sinfonia deve ser como o mundo. Abranger tudo”. Mahler ocupou um lugar que durante um século e meio, até os anos 1950, foi cativo de um gênio: Beethoven e suas nove sinfonias.
Na mitologia grega, Orfeu é um músico que, com sua lira, consegue domar os guardiães do reino dos mortos para resgatar sua amada, Eurídice. Nada mais sintomático, assim, que a grande ópera da história tenha o personagem como protagonista. Orfeu, do italiano Claudio Monteverdi, não foi exatamente a primeira ópera escrita – a honra cabe a Dafne, hoje perdida, do também italiano Jacopo Peri, autor ainda de uma Eurídice, normalmente tida como a mais antiga ópera cuja partitura se conservou. Como muitas do período, ela reflete as especulações intelectuais do grupo de pensadores conhecido como Camerata Florentina, que buscavam recriar a unidade entre música e poesia que imaginavam existir no teatro grego antigo. Por isso, não passa hoje de curiosidade musicológica.
No livro O Diálogo Musical, o maestro Nikolaus Harnoncourt explica que em Orfeu, como nas outras óperas daquela época, a poesia ocupava o primeiro plano. Só que a música também foi empregada em modo pleno, com toda a sua riqueza formal – e aí está o segredo para a criação de Monteverdi, estreada em 1607, continuar sendo encenada com regularidade em teatros de todo o planeta até hoje.
Orfeu tem uma linguagem musical eclética, mesclando elementos do novo estilo monódico barroco (a seconda prattica) e do antigo estilo polifônico renascentista (a prima prattica), como os madrigais (obras vocais sobre textos seculares, normalmente a cinco vozes) e as danças. E mais: além de combinar a música do passado e a do presente, a ópera apontava para o futuro. Conforme explica Harnoncourt em seu livro, em Orfeu “já se encontram anunciadas ou pressentidas inúmeras técnicas que surgiram na ópera durante os séculos seguintes”, como a ária, a canção estrófica, o motivo condutor (ou leitmotiv) e uma instrumentação inspirada pelo drama.
Pois é em Orfeu que aparece a primeira orquestra autêntica, com 40 instrumentos para acompanhar o canto e caracterizar musicalmente os personagens e cenários onde a ação se desenrola. Com libreto de Alessandro Striggio, Monteverdi separa os dois mundos presentes na ópera – o dos pastores, sol e alegria, e o dos infernos sombrios – pelos andamentos e timbres.
Duas edições de Orfeu foram impressas com a autorização de Claudio Monteverdi – em 1609 e 1615 – e dedicadas ao príncipe Francesco Gonzaga, para cujo pai o compositor trabalhava em Mântua, em uma corte que também empregava os serviços do pintor flamengo Peter Paul Rubens. O fato demonstra o grande sucesso da ópera, cuja duração é de uma hora e meia – os madrigais da ópera duravam, no máximo, cinco minutos. Das 15 óperas escritas por Monteverdi, restaram apenas três: Orfeu, O Retorno de Ulisses à Pátria e A Coroação de Popéia, mais um fragmento de Arianna. As demais se perderam.
Ouça, no vídeo abaixo, um trecho da ópera Orfeu:
A obra de Erik Satie manteve-se inclassificável e em constante mutação ao longo das décadas. Apesar de ter influenciado músicos franceses das várias correntes musicais modernistas de sua época, o excêntrico compositor ficou à parte de todas elas. O estilo de Satie alcançou o ponto máximo de clareza e despojamento em Entr'acte, sua última criação.
m sempre o estilo de Satie havia sido assim. Em Gymnopédies, um de seus primeiros trabalhos, a melodia espalhava-se vagarosamente sobre acordes alterados - uma influência decisiva para o conterrâneo Claude Debussy. Até a década de 1910, ambos mantiveram muito contato, embora apenas Debussy tivesse alcançado a fama. Nessa época, o também francês Maurice Ravel resgatou as obras iniciais de Satie nos recitais da Sociedade Musical Independente, tornando-o mais conhecido.
Pergunte quem não tenha familiaridade com a música erudita e peça que “cante” uma composição de Beethoven. Muito provavelmente, a resposta será o “tan-tan-tan-taan” – talvez o tema rítmico mais marcante da história musical, tão forte que se tornou a letra “V” (de vitória) no código Morse. Essas quatro figuras rítmicas que permeiam toda a composição – que apareceriam em mais tantas, como a Sonata Appassionata, o Concerto para Violino opus 131 e o Concerto para Piano número 4 – abriram a música de Beethoven para além do mundo germânico.
tem que ser espremido até a última gota, com força para levar as ondas do mar e deixar à mostra o fundo do oceano, parar o caminho das nuvens, dispersar as névoas e revelar o límpido céu azul e a face incandescente do sol.”
O Oficina da Radiola decidiu fazer uma série de entrevistas com vários amantes da música espalhados por aí. No blog, publicaremos um questionário único e as mais diversas respostas que recebemos de nossos entrevistados.Veja o clip de "Welcome to heartbreak", de Kanye West, uma das músicas favoritas da Marie-Charlotte:
Nenhum compositor fez uma síntese tão perfeita de elementos populares nacionais e códigos musicais eruditos quanto o húngaro Béla Bartók. Concerto para Orquestra, obra da maturidade, é seu exemplo mais notável. No início da carreira, Bartók era mais reconhecido como pianista do que como compositor. Dois acontecimentos mudariam seu rumo em 1905: uma viagem a Paris, que lhe revelou os encantos do cosmopolitismo, e a amizade com o compositor húngaro Zoltán Kodály, que o aproximaria da música camponesa de seu país.
A obra foi composta durante o sofrido exílio de Bartók nos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra. A Hungria havia se alinhado com a Alemanha nazista, mas o compositor hesitou muito antes de partir, já que a viagem implicaria um distanciamento das aldeias que visitava. Depois de ter trabalhado para a Universidade Columbia com gravações servo-croatas, o músico entrou numa fase difícil. Estava com pouco dinheiro, desenvolveu uma leucemia tardiamente diagnosticada e era pouco conhecido do público estadunidense. Graças ao contato de amigos, o maestro russo Sergei Koussevitzky encomendou a ele um concerto para a Orquestra Sinfônica de Boston. O resultado transformou Bartók no mais popular compositor do século 20 nos Estados Unidos - ainda que após sua morte.
Mesmo doente, Béla Bartók foi à estréia do Concerto para Orquestra, em dezembro de 1944. Koussevitzky declarou ao compositor que aquela era a melhor obra dos últimos 20 anos - depois da apresentação, "corrigiu" para 25. Bartók brincou com o maestro, perguntando se isso incluía as sinfonias de seu ídolo e compatriota Dmitri Shostakovich, a quem o compositor húngaro dava pouco valor. A piada tinha razão de ser: um trecho do Concerto parodia a Sonfonia número 7 de Shostakovich.
Confiram no vídeo abaixo, Concerto para Orquestra, do grande, talentoso e surpreendente Béla Bartók:
Tempos Modernos tornou-se um dos filmes mais conhecidos de Charles Chaplin muito por causa das cenas da primeira parte da história, nas quais o personagem Carlitos aparece como empregado de uma linha de montagem que acaba sendo engolido pela máquina. O trabalho de apertar parafusos é tão repetitivo que produz no protagonista comportamentos obsessivos mesmo fora do ambiente da fábrica. Amalucado, ele passa a apertar qualquer botão que encontra pela frente, como os que vê no vestido de uma senhora que cruza a rua. A crítica à forma mecânica da exploração do trabalho em linhas de produção é evidente, mas não é a única que o filme faz.
Nos anos 1950, durante a chamada “caça às bruxas”, em que o senador Joseph McCarthy liderou um processo de julgamento de pessoas públicas sob a acusação de atividades anti-americanas (leia-se “comunismo”), este foi um dos filmes que levaram Chaplin a ser perseguido politicamente, o que culminou com seu exílio na Suíca.
Mesmo após o advento do som no cinema (a partir de 1927), Chaplin insistiu em fazer filmes sem falas, como neste caso. Apesar de mudo, Tempos Modernos utiliza o som de um modo chapliniano e burlesco, quando aparecem em cena aparelhos mecânicos de reprodução sonora, como videofones, fonógrafos e rádios, para reiterar o tema do filme sobre a tecnologia e a desumanização.
Contudo, vale ressaltar que Chaplin explorava as possibilidades estéticas do som compondo ele mesmo as trilhas de seus filmes, o que deu origem a um punhado de canções que entraram para a história, entre os quais Smile, tema da cena final de Tempos Modernos que você pode escutar no vídeo abaixo:

Trago pra vocês a canção “Pa’ bailar”, que faz parte do álbum Mardulce, do grupo Bajofondo:
É difícil imaginar como um jovem de 17 anos pode escrever uma música tão perfeita como Sonhos de uma Noite de Verão, que, inspirada na peça de William Shakespeare, é uma das obras mais belas do repertório erudito e cujas características predominantes são a jovialidade, a alegria e o senso de humor, revestidos de uma elegância incomparável.
perfeição a idéia e o clima do texto original.
O scherzo, segunda parte da obra, tem a graça, a leveza e o humor que resumem bem a confusão que se instala na floresta, narrada por Shakespeare, quando entra em cena uma poção que faz com que as pessoas se apaixonem pelo primeiro ser que observam. É inevitável, dessa forma, que os casais mais incomuns se formem e vivam, ao menos, uma única noite de verão em completa felicidade. O personagem Nick Bottom, que ganha orelhas de burro depois de ser enfeitiçado por Obrerom, é lembrado no scherzo pelo desenvolvimento das cordas que simulam o zurrar do animal. A temática bem-humorada desse trecho da história ganha contornos líricos com Mendelss
ohn. Isso ocorre também no noturno, movimento mais contido, mas não menos fantasioso, em que os personagens dormem enquanto são envolvidos pela magia dos seres que habitam a floresta.
Um gnomo, catacumbas, um carro de boi, um velho castelo, a feira de Limoges, o Jardim das Tulherias ou a discussão entre o judeu rico e o pobre são os temas dessa suíte para piano escrita em junho de 1874 pelo compositor e militar russo Modest Mussorgsky. Ao visitar uma exposição póstuma de seu grande amigo, o pintor Viktor Hartmann – morto em 1873, aos 39 anos, vítima de aneurisma cerebral -, Mussorgsky escolheu dez das telas expostas em São Petersburgo como inspiração. Escreveu uma música para cada um dos quadros e uniu a composição por meio de um tema central e quatro intermezzi (variações sobre a mesma melodia) aos quais deu o nome de Promenade – “passeio”, em francês, que representa o trajeto dos visitantes pela mostra.
Conhecida mundialmente como uma das mulheres mais bonitas de todos os tempos e considerada a loira mais famosa de Hollywood, Marilyn Monroe, nome artístico de Norma Jean Baker, foi uma mulher que abalou muitos corações mundo afora, incluindo em suas conquistas muitos homens poderosos como o dramaturgo Arthur Miller e o ex-presidente estadunidense John Kennedy.
Carlos Gardel foi o mais famoso dos cantores de tango argentino. Foi compositor, intérprete e ator de inúmeras canções e musicais. Ainda hoje, a Argentina reverencia Gardel tanto quanto o jogador de futebol Diego Maradona. Não há um único cidadão argentino que não tenha profunda admiração por esses dois ídodos do país do tango.
“Napoleão morreu, mas um novo conquistador já se revelou ao mundo. E de Moscou a Nápoles, de Londres a Viena, de Paris a Calcutá, seu nome está em todas as bocas. A fama desse herói não tem fronteiras, a não ser as da própria civilização.” É assim que o escritor francês Stendhal abre A Vida de Rossini, a primeira biografia sobre o italianíssimo Gioacchino Rossini.
E aqui está uma das maiores dificuldades ao interpretar sua obra: trazer à tona toda essa alegria, toda essa leveza, sem perder de vista a seriedade de sua escrita, a qualidade de sua instrumentação e a transparência de sua textura vocal e orquestral, somente comparável à de Mozart.
O Barbeiro de Sevilla, obra-prima de Rossini, conta a história do barbeiro e faz-tudo de Sevilla no século 18, Fígaro, que faz as vezes de cupido no amor entre o Conde de Almaviva e Rosina, tem uma série de imbróglios e situações hilárias, para terminar com os amantes unidos e o final previsivelmente feliz, na ópera cômica mais popular da história ocidental. 
Para quem assistia ou ainda assiste aos desenhos animados, O Barbeiro de Sevilla está eternizado em um episódio de Pica-Pau, com o protagonista a cantar a cavatina de Fígaro, Largo al Factotum, uma das árias mais populares de todos os tempos. Há também menções à ópera em outros desenhos animados, como Pernalonga, Tom e Jerry e até mesmo nos Simpsons, no episódio O Homer de Sevilla. Confiram um trecho da ópera cantada pelo Pica-Pau no vídeo abaixo:
Chopin é para mim a personificação do período romântico. Doente, apaixonado, pessoal e lírico, dedicou sua vida e música ao piano de uma forma nunca antes vista. Ao sair da Polônia e adotar a França como seu novo país, Chopin se tornou um dos primeiros nacionalistas. As polonaises e mazurkas que compôs trazem elementos eslavos à sua escrita rebuscada e elegante do piano.
Quem nunca ouviu falar no famoso Bolero de Ravel? Para muitos, é a peça francesa mais executada de todos os tempos. A obra de Maurice Ravel não se restringe somente ao Bolero. Compositor e pianista igualmente brilhante, ele viveu a transição do século 19 para o 20 em pleno romantismo tardio, identificando-se com os compositores e a música de seu país, a França. Influenciado por Debussy, além de sua declarada paixão por Mozart, a delicadeza e a sutileza de suas melodias o colocaram em posição de grande destaque no impressionismo.
Sob qualquer ponto de vista, as façanhas de Wolfgang Amadeus Mozart impressionam. Mal saído dos cueiros, antes mesmo de falar, já tocava piano. Aos 4 anos, compôs sua primeira peça para o instrumento. Aos 9, escreveu a primeira sinfonia por um motivo prosaico: como estava doente, o pai, Leopold, o proibiu de tocar cravo. Entediado, usou o tempo livre distante do instrumento preferido para compor a obra. Aos 12, assinou sua primeira ópera. Aos 14, visitou com o pai a Capela Sistina, em Roma, e ali ouviu o Miserere, uma complexa obra coral a nove vozes de Gregório Allegri, cuja partitura não podia ser contemplada por uma proibição do papa. Ao voltar para casa, o garoto reproduziu toda a peça no papel. Mozart passou dez dos seus primeiros 15 anos de vida viajando por toda a Europa encantando e seduzindo reis e nobres.
m muito bem ter ocorrido.
O rugby, apesar de pouco conhecido no Brasil (para quem não sabe, nós temos sim uma seleção nacional, mas é saco de pancada dos chilenos, paraguaios, uruguaios e argentinos), é bastante difundido no mundo. É o principal esporte da Oceania, onde países pequenos como Tonga e Fiji possuem fortes times nacionais; tem ampla difusão na Grã-Bretanha e França, e também a seleção da África do Sul é fortíssima.
Existem diversas versões do Haka, mas a mais clássica delas é a “Ka mate”, cuja origem data de 1810, quando o chefe tribal Te Rauparaha, estava sendo perseguido por inimigos, e milagrosamente escapou, escondendo-se em uma saia de mulher. Ao sair, havia um homem a sua espera, mas era um chefe amigo, e vendo isso, Te Rauparaha fez o Haka, celebrando a vitória da vida sobre a morte, o que serve de inspiração para os All-Black.
A tradução do “Ka mate”
Ringa pakia! (Bata as mãos nas coxas)
Uma tiraha! (Estufe o peito)
Turi whatia! (Dobre os joelhos)
Hope whai ake! (Deixe o quadril seguir)
Waewae takahia kia kino! (Bata o pé o mais forte que puder)
Ka mate, ka mate (Eu vou viver, eu vou viver ?)
Ka ora, ka ora (Eu vou morrer, eu vou morrer ?)
Tēnei te tangata pūhuruhuru (Este é o homem peludo que está em pé aqui)
Nāna nei i tiki mai whakawhiti te rā …(Que trouxe o sol e o fez brilhar)
Ā upane, ka upane (Um passo para cima, outro passo para cima)
Ā upane, ka upane (Um passo para cima, outro passo para cima)
Whiti te rā, hī! (O sol brilha)
