terça-feira, 9 de março de 2010

Diferença

Salif Keita não é só um mito da música do Mali, mas de toda África. Cantando em francês, inglês ou mesmo em algum dialeto de seu país que não podemos traduzir, Keita tem o maravilhoso dom de tocar a alma de quem ouve sua música.
Nascido em Djoliba em agosto de 1949, Keita é descendente direto do fundador do império malinense, Sundiata Keita. Conhecido como "a voz dourada da África", Keita sofreu com o ostracismo durante anos, já que é albino, e na cultura Malinka isto é um sinal de maldição. Começou sua carreira artística em 1967, quando mudou-se para Bamako e juntou-se a uma banda chamada Super Rail Band de Bamako. Em 1970, fugindo da instabilidade política em seu país, muda-se para Costa do Marfim. Foi durante os anos 70 que Salif e a banda da qual fazia parte na época, Les Ambassadeurs, conquistaram sucesso internacional. Em 1977 ele recebeu a Ordem Nacional do presidente da Guiné, Sékopu Touré, espécie de homenagem pela sua arte. Keita mudou-se para Paris nos anos 80, onde vive ainda hoje.
Em sua música, há a mistura de ritmos de raiz africana, de países como Mali, Senegal e Costa do Marfim, e música de Portugal e Espanha. Ele faz um caldeirão musical poderoso, com saxofone, violão e instrumentos tradicionais africanos, como kora, balafon e djembe, que é uma espécie de tambor.

Trago pra vocês duas canções muito bonitas de Keita: "La différence" (A diferença), de seu mais novo álbum, e "Yamore", que ele gravou com a "diva aux pieds nuds" de Cabo Verbe, Cesária Évora (outra lenda da música africana, de quem falaremos mais tarde). Em "La différence", Keita faz um protesto contra o preconceito sofrido pelos albinos em sua terra natal, invocando a tolerância e a sensibilidade dos seres humanos. "Yamore" é uma canção de amor muito, muito bonita, cantada, em parte, em crioulo caboverdeano.

Salif Keita - "La différence"
(o clip é super-criativo)

Salif Keita e Cesária Évora - "Yamore"



Mais sobre Salif Keita em seu site oficial (em francês)

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