segunda-feira, 29 de março de 2010

Amália é o fado

A melancolia é o combustível do fado, estilo português que floresceu em Lisboa. O fadista canta sozinho, acompanhado apenas por um violão clássico (que os portugueses chamam de "viola") e uma guitarra portuguesa, instrumento descendente da cítara medieval.

Portugal, por ser a terra do fado, tem vários artistas de primeiríssima qualidade que cantam o estilo em suas mais diversas vertentes. Atualmente, fadistas como Dulce Pontes e Mariza, por exemplo, são ícones nacionais da música popular, e trabalham o fado tradicional e contemporâneo com absoluta maestria.

Todo estilo tem sua lenda, e se há um ícone do fado ele se chama Amália Rodrigues. Cantando a poesia portuguesa com toda sua dor e amor, Amália foi a primeira embaixadora internacional da música tradicional de seu país.

Amália da Piedade Rodrigues nasceu em Lisboa em 1º de julho de 1920. Filha de uma família pobre, Amália teve uma infância difícil, e desde cedo teve de trabalhar para ajudar os pais. Ela cantava desde menina, mas por ser muito tímida se apresentava apenas para a avó, e quando muito para os vizinhos, que pediam para escutá-la cantar.
Aos 9 anos, a avó mandou Amália para a escola, mas aos 12 ela abandonou os estudos por falta de condições financeiras. Nessa época, ela começou a trabalhar como bordadeira, engomadeira e vendedora de frutas em feiras.

Aos 15 anos, depois da insistência de amigos, Amália se inscreveu em um concurso de caça-talentos chamado Concurso de Primavera, em que se disputava o título de Rainha do Fado. A competição acabou não se realizando já que, quando as outras candidatas ouviam a voz de Amália, não queriam mais disputar com ela.

A carreira de Amália começou, efetivamente, em 1940, quando estreou como atriz em uma peça teatral. Nessa época ela se casou pela primeira vez, com Francisco da Cruz, um guitarrista amador. Em 1944, aos 24 anos, Amália veio ao Brasil para se apresentar no Rio de Janeiro. Seus shows foram sucessos absolutos, e ela acabou ficando mais do que o previsto. Foi no Rio que um de seus compositores favoritos, Frederico Valério, compôs um dos clássicos do fado, a canção "Ai, Mouraria".

Em 1947 Amália estreia no cinema, com o filme "Capas negras", um dos longa-metragens mais vistos em Portugal, até hoje. Foi em 1950 que Amália internacionalizou-se. Começou a fazer turnês pela Inglaterra, França, Espanha, países da ex-união soviética e EUA. Nesse período, além de fados, Amália também gravou várias canções de flamenco. Em 1961, Amália casou-se pela segunda vez, com o engenheiro brasileiro César Seabra, com quem viveu até a morte deste, em 1997.

Na década de 90, consagrada como "rainha do fado" após mais de 50 anos de carreira, Amália recebeu várias homenagens em seu país e no exterior. Na França, ela ganhou do presidente François Mitterrand a condecoração da Légion d'Honneur. Em 1997, é editado o último disco de Amália com músicas inéditas gravadas entre 1965 e 1975.

Amália faleceu na manhã de 6 de outubro de 1999, repentinamente. Ela tinha 79 anos. Seu corpo está enterrado no Panteão Nacional, em Lisboa, onde repousam os restos mortais de vários ícones da nacionalidade portuguesa.

Trago pra vocês um dos clássicos do fado na voz de Amália: "Gaivota":



Para saber mais sobre Amália Rodrigues, acesse o site

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