O que Chopin fez foi escrever prelúdios exclusivamente para piano. Portanto, com ele, na primeira metade do século 19, o gênero deixava de ser pensado como abertura para obras maiores e começava a ser concebido como pequenas peças isoladas e independentes. As 24 que formam os Prelúdios, opus 28 foram compostas por Chopin entre 1836 e 1839. Esse período engloba desde os tempos em que o pianista conheceu a escritora francesa George Sand até seu exílio com ela em Palma de Mallorca, para cuidar da saúde. Na costa litorânea espanhola, Chopin concluiu as composições e as vendeu para o fabricante de pianos Camille Pleyel por 2 mil francos.
Pequenas obras para o instrumento, com duração que varia de aproximadamente 45 segundos a pouco mais de cinco minutos, os Prelúdios, como definiu o compositor alemão Robert Schumann, eram “esboços, inícios de estudos... ruínas, pluma de águia...”. No aspecto técnico, eles soam como se fossem estudos para pianistas, uns parecem feitos para exercitar mais a mão esquerda, outros exigem mais da direita. Um exemplo a ser destacado é o Prelúdio número 16 em Si Bemol Menor, em que o autor apresenta todo o seu virtuosismo, exigindo que a melodia seja tocada de forma extremamente rápida.
Embora tenha vivido no período romântico, Chopin era muito mais um minimalista e dominador da técnica do que um sentimental exagerado. Mas os Prelúdios são essencialmente demonstrações sintéticas das angústias e incompletudes vitais do autor – as “ruínas” da alma a que Schumann se referia. Uma das peças que carregam essa melancolia é o Prelúdio Número 4 em Mi Menor, que quase 150 anos depois teria inspirado Tom Jobim a compor a canção Insensatez.
No fim da década de 1840, pouco antes de morrer, Chopin ainda compôs dois prelúdios (opus 45) bem diferentes dos anteriores. Assim como os Prelúdios, opus 28 e os Estudos, opus 10 e 25, essas obras influenciaram composições de seus contemporâneos, como os Estudos Sinfônicos, de Robert Schumann, e os Estudos Transcendentais, de Franz Liszt.
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