É difícil imaginar como um jovem de 17 anos pode escrever uma música tão perfeita como Sonhos de uma Noite de Verão, que, inspirada na peça de William Shakespeare, é uma das obras mais belas do repertório erudito e cujas características predominantes são a jovialidade, a alegria e o senso de humor, revestidos de uma elegância incomparável.
O alemão Félix Mendelssohn foi um prodígio como Mozart. Aos 9 anos, já compunha e tocava piano excepcionalmente bem. Neto de filósofo, nasceu no seio de uma importante família judia de Hamburgo, na Alemanha. E cresceu em um ambiente intelectual efervescente, em contato com grandes nomes da época, como Humboldt e Goethe. Esse último ficou impressionado com a maturidade demonstrada por um músico tão jovem. Era calmo, alegre e muito educado. O pai, mesmo sabendo do talento do filho, nunca o expôs ao público. Não o incentivou a seguir a carreira musical até que ele próprio desejasse.
Logo depois da morte do compositor, Richard Wagner o atacou no livro O Judaísmo na Música. O pecado de Mendelssohn: ser judeu. A estocada de Friedrich Nietzsche foi mais sutil. O filósofo o definiu como um “belo incidente” situado entre Beethoven e Brahms. Essa interpretação, repetida à exaustão por críticos como George Bernard Shaw nas décadas finais do século 19, cristalizou a imagem de Mendelssohn como apenas um bom compositor.
Apesar de não ser fluente em inglês, Mendelssohn era fascinado pelos contos de duendes, fadas, elfos e reinos abordados na comédia de Shakespeare. O tom fantástico inspirou, com espontaneidade quase infantil, a construção de uma música que impressiona pela expressividade. A obra serviria no futuro como exemplo para tratados sobre orquestração. A escrita ágil, as sugestões sonoras e o colorido romântico da abertura passam com perfeição a idéia e o clima do texto original.
Os compassos que antecedem o trecho mais marcante da abertura, tema principal que retorna ao longo da peça, são marcados por um lirismo triste que cresce e desemboca em sons marcantes. Toda essa estrutura da abertura ditará as idéias musicais que virão a seguir. É como uma exposição, um resumo da história, que será revista no decorrer dos movimentos.
Só em 1842, já mais maduro, o compositor finaliza a obra, com a orquestração da abertura e a edição dos trechos que compõem a música incidental, seqüência que serve como uma espécie de trilha sonora para uma montagem da peça de Shakespeare. Além disso, emprega a famosa marcha nupcial, melodia do repertório popular extremamente conhecida por ser tocada quando a noiva entra na igreja no momento do casamento. Sonho de uma Noite de Verão apresenta uma abertura longa e outros 13 números musicais breves, entre os quais segmentos para duas vozes femininas e coro. Seu tom alegre e jovial ajuda ainda mais a caracterizá-la como uma obra de fácil apelo popular. Tanto é assim que está entre as músicas mais executadas do repertório romântico.
O scherzo, segunda parte da obra, tem a graça, a leveza e o humor que resumem bem a confusão que se instala na floresta, narrada por Shakespeare, quando entra em cena uma poção que faz com que as pessoas se apaixonem pelo primeiro ser que observam. É inevitável, dessa forma, que os casais mais incomuns se formem e vivam, ao menos, uma única noite de verão em completa felicidade. O personagem Nick Bottom, que ganha orelhas de burro depois de ser enfeitiçado por Obrerom, é lembrado no scherzo pelo desenvolvimento das cordas que simulam o zurrar do animal. A temática bem-humorada desse trecho da história ganha contornos líricos com Mendelssohn. Isso ocorre também no noturno, movimento mais contido, mas não menos fantasioso, em que os personagens dormem enquanto são envolvidos pela magia dos seres que habitam a floresta.O alemão Félix Mendelssohn foi um prodígio como Mozart. Aos 9 anos, já compunha e tocava piano excepcionalmente bem. Neto de filósofo, nasceu no seio de uma importante família judia de Hamburgo, na Alemanha. E cresceu em um ambiente intelectual efervescente, em contato com grandes nomes da época, como Humboldt e Goethe. Esse último ficou impressionado com a maturidade demonstrada por um músico tão jovem. Era calmo, alegre e muito educado. O pai, mesmo sabendo do talento do filho, nunca o expôs ao público. Não o incentivou a seguir a carreira musical até que ele próprio desejasse.
Logo depois da morte do compositor, Richard Wagner o atacou no livro O Judaísmo na Música. O pecado de Mendelssohn: ser judeu. A estocada de Friedrich Nietzsche foi mais sutil. O filósofo o definiu como um “belo incidente” situado entre Beethoven e Brahms. Essa interpretação, repetida à exaustão por críticos como George Bernard Shaw nas décadas finais do século 19, cristalizou a imagem de Mendelssohn como apenas um bom compositor.
Apesar de não ser fluente em inglês, Mendelssohn era fascinado pelos contos de duendes, fadas, elfos e reinos abordados na comédia de Shakespeare. O tom fantástico inspirou, com espontaneidade quase infantil, a construção de uma música que impressiona pela expressividade. A obra serviria no futuro como exemplo para tratados sobre orquestração. A escrita ágil, as sugestões sonoras e o colorido romântico da abertura passam com perfeição a idéia e o clima do texto original.
Os compassos que antecedem o trecho mais marcante da abertura, tema principal que retorna ao longo da peça, são marcados por um lirismo triste que cresce e desemboca em sons marcantes. Toda essa estrutura da abertura ditará as idéias musicais que virão a seguir. É como uma exposição, um resumo da história, que será revista no decorrer dos movimentos.
Só em 1842, já mais maduro, o compositor finaliza a obra, com a orquestração da abertura e a edição dos trechos que compõem a música incidental, seqüência que serve como uma espécie de trilha sonora para uma montagem da peça de Shakespeare. Além disso, emprega a famosa marcha nupcial, melodia do repertório popular extremamente conhecida por ser tocada quando a noiva entra na igreja no momento do casamento. Sonho de uma Noite de Verão apresenta uma abertura longa e outros 13 números musicais breves, entre os quais segmentos para duas vozes femininas e coro. Seu tom alegre e jovial ajuda ainda mais a caracterizá-la como uma obra de fácil apelo popular. Tanto é assim que está entre as músicas mais executadas do repertório romântico.
Empreendedor, Mendelssohn fundou o Conservatório de Música, em Leipzig. Foi o primeiro maestro a se colocar diante da orquestra sem um instrumento, mas, sim, com a batuta. Foi também o responsável por resgatar a música de Bach. Félix Mendelssohn, não há dúvida, merece ocupar um lugar ao lado dos maiores gênios da música.
Assista, no vídeo abaixo, a abertura de Sonhos de uma Noite de Verão:
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