Assim como a identidade musical brasileira está intimamente ligada ao choro, ao samba e sobretudo à bossa nova, a Argentina é a cara do tango (ou vice-versa). Pra mim (e muita gente há de concordar comigo:-]), esse é um dos estilos mais charmosos, sedutores e elegantes do universo musical.
Sem discutir o mérito da criação do tango (uruguaios e argentinos ainda não se entenderam muito bem sobre isso), o fato é que Buenos Aires ficou conhecida como a capital mundial do estilo. Lá, floresceram os trabalhos de “tangueros” geniais, como Carlos Gardel (já comentado aqui no blog) e Astor Piazzolla, que muita gente não considera um compositor de “tango de raiz”. Isso porque, nas décadas de 60 e 70, Piazzolla fazia música portenha temperada com jazz e música clássica. Uma revolução. Ao receber críticas de ortodoxos defensores do tango tradicional, o compositor de “Adiós Nonino” e “Libertango” (que eu particularmente amo) dizia que fazia “música contemporânea de Buenos Aires”.
Sem dúvida, as inovações propostas por Piazzolla influenciaram o surgimento de uma nova corrente do tango – o “tango eletrônico”, ou “tecnotango”, ou “neotango”, ou ainda “tango fusion” -, que surgiu no final da década de 90. O tango eletrônico propõe a fusão de estilos aparentemente opostos – o tango clássico e a música eletrônica; uma mistura entre dramático e sintético.
A matéria-prima do tango eletrônico é a união entre elementos tradicionais, como o bandoneón (o acordeon do tango), e novas técnicas de mixagem por computador e samplers (equipamentos de armazenagem de sons). As músicas podem ser temas em remix, composições inéditas ou criações feitas a partir de fragmentos de tangos já existentes. Dentre os grupos precursores do neotango, estão o Gotan Project, Tanghetto e Bajofondo.
Trago pra vocês a canção “Pa’ bailar”, que faz parte do álbum Mardulce, do grupo Bajofondo:
E veja "Libertango", de Piazzolla, interpretado por Yo-Yo Ma.
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